sábado, 15 de novembro de 2008

Procuro um louco

Procuro um louco
Que saiba dar valor a vida
Pois hoje, só mesmo os loucos sabem viver!
Procuro um louco
Que julgue-se capaz de voar
E que se disser que voa, voe mesmo!!
Procuro um louco
Capaz de arriscar
Que sua loucura não o permita desistir antes de tentar.
Procuro um louco
Que cante, ria, chore... faça declarações malucas, porém sinceras
Pois o louco é o que a sua loucura permite ser.
Nunca vi louco mentir,
Pois devaneia o que acredita ser.
Procuro um louco, simplesmente um louco
Que faça de tudo um pouco,
Que diga o que pensa... sonhos, devaneios, desejos
Louco por beijos, carícias, carinho, olhar...
Louco por coração que bata descompassado
Louco, capaz de acreditar na força do amor...
Louco capaz de esperar.
Que inspirado no passado
Goste da conquista, da corte, da simplicidade
Que nada deixe pela metade
E nada queira antes da hora.
Um louco que traga flores roubadas
Meio murchas...
Um louco capaz de contemplar...
Que queira me conhecer
Saber dos meus sonhos e devaneios...
Assim lucraremos ao nos cativar!
Procuro um louco!
Louco por acreditar que a vida ainda tem valor...
Que o sagrado ainda tem espaço...
Que o amor deve ser construído... e amado...
Que goste de passear descalço na areia
E tomar banho de chuva
Que as vezes dê um surto e levante de madrugada
Pra esperar o Sol nascer...
Que respire fundo ao passar perto das flores
Curtindo cada aroma, olhando as cores...
Um maluco que não tenha vergonha de pensar em mim
Um maluco que tenha o peito aberto
Pra receber o meu carinho
Que sem mim, prefira ficar sozinho...
Com os amigos no bar,
Tocando violão,
Sonhando e criando poemas...
E contando os minutos pra me reencontrar...
Um louco capaz de refletir e se arrepender
De pedir perdão e perdoar...
De escutar queixas e se queixar.
Um louco que olhe além do olhar...
e se importe com o que sinto...
e acredito...
Que não fuja dos problemas
Mas encare... e queira resolver...
Que acredite no diálogo e tenha o dom de escutar
Sei que somente um louco é capaz de me completar...

Nívia Amaral Mares
14/03/2008

É preciso encontrar a outra metade da laranja

Só somos capazes de amar de verdade quando encontramos alguém a quem podemos admirar as qualidades e suportar os defeitos. Se os defeitos nos incomodam mais do que nos alegram as qualidades, não pode haver amor. O relacionamento se arrasta em uma obsessão egoísta de tornar o outro o máximo parecido com as qualidades que desejaríamos que ela tivesse, mas que na verdade a pessoa não tem. Isso se torna maçante, e sem perceber invadimos o espaço do outro querendo mexer na sua essência. Isso não é amor! É claro que numa relação amorosa ambos os parceiros ajudam-se a crescer, o amor dá condições para o crescimento, nos ajuda a superar limitações, mas isso se dá sem esforço, pelo simples fato de amar e viver uma relação sadia onde cada um pode ser ele mesmo e ao mesmo tempo ser para o outro. Quando nos relacionamos com alguém a quem o que mais queremos é mudar, a que amamos, então? A uma capa? À imagem que criamos em nossa mente dessa pessoa? Precisamos aprender que em qualquer relação recebemos o pacote completo, a pessoa vem cheia de qualidades e de defeitos e que não dá pra devolver os defeitos e ficar só com as qualidades. Então, se percebo que com aquela pessoa, tal qual ela é não consigo ser feliz, é hora de rever meus próprios sentimentos e a minha capacidade de conviver para sempre com aqueles defeitos que tanto me incomodam. Se nesse mergulho em mim mesmo percebo que não serei feliz, tenho de admitir pra mim mesmo que a relação não dá mais! Se não faço isso, além de não ser feliz, não permitirei a felicidade do outro, pois ficarei ao lado dessa pessoa tentando o tempo todo transforma-la naquilo que imagino que ela possa vir a ser. Pare e ponha-se no lugar dessa pessoa: como seria pra você dividir a sua vida com alguém que não te aceita do jeito que você é, e que o tempo todo ao seu lado se esforça não pra te fazer feliz, mas para transformar você na pessoa que o faria feliz?
É isso o que fazemos o tempo todo, queremos transformar o outro na pessoa que queremos e precisamos aprender a querer uma pessoa pelo que ela é. Isso é amor! É preciso encontrar a outra metade da laranja, aquela que se encaixa em nós, e não ficar mutilando uma laranja maior para torna-la a nossa forma.
Nívia Amaral Mares
15/11/2008